LEITURA
BÍBLICA: 1 Reis 2.1-4.
Conforme
lemos hoje, o rei Davi, pressentindo o momento de sua morte, deu instruções ao
seu filho Salomão, que haveria de herdar o trono.
Salomão
tinha razões para ficar assustado e precisar de palavras de ânimo: não só que
podia perceber a proximidade da morte do seu pai, o que é certamente um abalo
emocional, como porque depois, jovem como era, teria de assumir o trono de
Davi, com todas as suas responsabilidades. Diante de tal situação é comum ouvir
o conselho “Seja homem e agüente firme!” É uma exigência de maturidade para
enfrentar a situação. No caso do rei Davi, ele ainda deu instruções mais
detalhadas a Salomão no sentido de que a sua conduta fosse fiel e obediente aos
mandamentos de Deus. Esta seria a condição para que o seu reino permanecesse
firme.
Pressões
como estas podem sobrevir a nós também, mas nossa situação é bem melhor desde a
vinda de Jesus. Quando Marta e Maria enfrentaram a morte do seu único irmão
Lázaro, Jesus aparece quatro dias após o sepultamento do amigo e encontra suas
irmãs em prantos e desconsoladas. Nesse cenário o Senhor Jesus disse as
célebres palavras: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda
que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente” (Jo
11.25,26). Portanto, se você crê em Jesus Cristo, pode até chorar diante de uma
situação difícil, mas assuma a sua posição de um filho ou filha de Deus. Saiba
que você tem por Pai o grande Deus e Senhor de todo o Universo, que apesar de
todas as circunstâncias está no controle, e diz assim: “Habito num lugar alto e
santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo
ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito” (Is 57.15).
Com
Jesus, o desespero com as pressões e dificuldades da nossa vida transforma-se
em maturidade.
Os Primeiros Atos do Rei Salomão – I Reis 2
Pouco antes de morrer, Davi chamou Salomão e lhe deu instruções específicas relativas às providências principais e iniciais que ele deveria tomar, em razão da promessa que o Senhor lhe havia feito de que nunca lhe faltaria sucessor no trono de Israel.
Quanto ao reino terreno dos sucessores de Davi a promessa era de caráter condicional, porque a continuidade deles no trono seria garantida somente pela fidelidade ao Senhor e à Sua Palavra, tanto que, por terem transgredido a citada condição, o reino de Israel foi interrompido por causa do cativeiro babilônico, e até que Jesus volte, nenhum outro descendente de Davi assumiu e assumirá o trono de Israel, porque o trono da promessa deve estar firmado na Justiça decorrente da prática da Palavra.
Como o reino na casa de Davi era um tipo do reino de Cristo, Salomão foi orientado por seu pai para se encarregar das condições que conduziriam tanto Joabe, quanto Simei, à morte.
Nisto, há também uma figura do reino de Cristo, no qual não poderão participar com Ele os homicidas sanguinários como Joabe, e os hipócritas como Simei.
E ainda, a misericórdia e o favor ordenados por Davi a Salomão, em relação aos filhos de Barzilai, que lhe havia alimentado e a seus homens, quando estiveram em Maanaim fugindo de Absalão, também ilustrava que o Rei Jesus usará de bondade e misericórdia para com aqueles que usaram de misericórdia para com Ele, e fomos instruídos pelo próprio Jesus que é para com Ele que estamos usando de misericórdia quando a manifestamos ao nosso próximo (Mt 25.40).
Por isso, no reino de Cristo o juízo será sem misericórdia para todo aquele que não usou de misericórdia (Tg 2.13), porque somente a misericórdia triunfa sobre o juízo, fazendo com que alcancem misericórdia eterna da parte de Deus, aqueles que foram misericordiosos (Mt 5.7).
Assim, foi ordenado a Salomão que os filhos de Barzilai continuassem comendo à sua mesa, e isto também sucederá a todos aqueles que se engajaram em favor do reino de Cristo, na chamada Igreja padecente neste mundo, porque haverão de reinar com Ele em glória, e se assentarão com Ele à Sua mesa.
Davi morreu e foi sepultado em Jerusalém, cidade que fundara, e não na sua cidade natal de Belém (I Reis 2.10).
Nos versos 13 a 25 de I Reis 2, nós encontramos as circunstâncias da morte de Adonias.
Ao que parece, conseguiu obter a simpatia de Bate-Seba, ainda que esta não se confiasse inteiramente a ele, pelo que podemos observar da cautela que teve quando Adonias se dirigiu a ela para pedir que intercedesse em favor dele junto a Salomão, para que Abisague lhe fosse dada por esposa.
Bate-Seba não percebeu que o que movia aquele pedido não era o amor mas o interesse político. Adonias não havia abandonado a idéia de ocupar o trono de seu pai.
Como não poderia fazê-lo diretamente, projetou um plano para começar pela cama de Davi até chegar ao seu trono.
Bate-Seba não percebeu a manobra, mas Salomão percebeu as intenções de seu irmão, e certamente deve ter acompanhado os seus passos até aquele ponto, e percebeu que trabalhava pela instabilidade do reino do qual Deus prometeu que seria firmado e estabelecido.
De outro modo, não teria ordenado que Benaia matasse o seu próprio irmão, porque já lhe havia poupado anteriormente da morte, perdoando-lhe a sedição que havia realizado.
Além disso, no diálogo que tivera com Bate-Seba ele reafirmou o seu direito à coroa, e insinuou que Salomão era um usurpador, que estava sentado no trono sob a alegação de que a sua coroação havia sido ordenada pelo Senhor.
Salomão era um homem devotado a Deus, mas não era este o caso de Adonias, que não Lhe tinha qualquer temor, tanto que agira contra a Sua vontade proclamando-se rei, e agora, estava arquitetando meios para subir ao trono.
Nós vemos portanto, que Salomão foi sábio não se permitindo ser conduzido pelos seus sentimentos, mas pela vontade de Deus, de modo que ficasse manifestado a todos, até que ponto estava disposto a garantir que a promessa e vontade de Deus fossem mantidas e cumpridas.
Especialmente, candidatos ao santo ministério da Palavra devem se guardar de todo orgulho espiritual e motivos pessoais, de forma que não sejam encontrados lutando contra a vontade do próprio Deus, cobiçando ocupar a posição daqueles que Deus chamou para estarem à frente do rebanho, ao qual eles pertencem.
Não procede do homem, mas do Senhor, a posição que cada um deve ocupar no Seu reino.
Nos versos 26 e 27 de I Reis 2, nós vemos Abiatar, o sumo sacerdote, sendo punido por Salomão, com a perda do seu posto para Zadoque, dado ter-se aliado a Adonias.
É destacado no verso 27 que isto ocorreu para que se cumprisse a palavra proferida pelo Senhor contra a casa de Eli, à qual Abiatar pertencia. O seu pai havia sido morto por Saul, assim como oitenta e cinco sacerdotes.
E quase oitenta anos haviam passado desde então, até que o juízo do Senhor contra eles teve cabal cumprimento.
Nos versos 28 a 35 são descritas as circunstâncias da morte de Joabe, que ao se inteirar do que Salomão havia feito a Abiatar, temeu por si mesmo, porque havia seguido também a Adonias e tal como este foi buscar refúgio junto aos chifres do altar, e ele se determinou em permanecer ali, até obter o perdão do rei, pensando que encontraria a mesma indulgência da sua parte, tanto quanto havia manifestado no princípio a Adonias.
Contudo, Salomão ordenou a Benaia que o matasse ali mesmo, porque agiria como o vingador do sangue de Abner e Amasa, e desta forma, como havia culpa de sangue em Joabe, não poderia contar com a proteção de Deus, uma vez que não a havia buscado no que fizera, por não ter tido o devido temor da Sua justiça, que de um modo ou de outro acabaria lhe alcançando para o devido ajuste de contas.
O crime de Joabe foi doloso, e esta condição não lhe dava o direito de se refugiar em Deus (Êx 21.14), e de igual modo, os homicidas dolosos não podiam contar também com a proteção das cidades de refúgio (Dt 19.11-13).
Jesus é na dispensação da graça, o Grande Refúgio no qual todo tipo de pecador pode encontrar abrigo e segurança quanto à salvação de sua alma, e perdão para os seus pecados.
Todavia, Deus recompensa a justiça e castiga o mal praticado pelos Seus filhos, como coisas separadas.
Ele não deixa de punir nossos erros, por maior que tenha sido o bem que vínhamos praticando.
Nós vimos isto na vida de Davi.
Caso Deus não castigasse o pecado e se omitisse na Sua função de reto Juiz, não estabelecendo um dia futuro para passar em revista todas as nossas obras, quer boas, quer más, Ele seria, ainda que indiretamente, o maior incentivador da prática do mal.
Entretanto, a Bíblia é bastante clara quanto a isto, e a própria experiência prática comprova, que Deus continua justo e justificador ao perdoar os pecadores em Cristo, para efeito de não serem mais condenados eternamente, mas, ao mesmo tempo, corrige a todos os Seus filhos, e sujeita à condenação eterna a todos aqueles que não se sujeitaram a Ele, para serem transformados e aperfeiçoados na justiça.
Há muita confusão no próprio meio evangélico quando se dá a textos que falam de justificação eterna, de perdão de pecados confessados, a interpretação de que isto é um tipo de salvo conduto para se permanecer na prática do pecado, como que o perdão ali referido significasse que Deus não leva em conta as nossas faltas, desde que as confessemos.
No entanto, não é isto o que estes textos bíblicos ensinam, senão que estes pecados confessados para efeito da continuidade da comunhão com Cristo, que é inteiramente santo, já foram expiados na cruz do calvário para não serem mais tidos na conta do motivo da nossa condenação eterna, mas, estes mesmos pecados que foram perdoados pela confissão, de modo a podermos voltar à comunhão com Deus, poderão dar ensejo até mesmo a correções dolorosas da parte do Senhor, como também produzir consequências que teremos que arcar.
“28 Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor;
29 pois o nosso Deus é um fogo consumidor.” (Hb 12.28,29).
O mesmo apóstolo João que disse: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.“ (I Jo 1.9), também disse na mesma epístola as seguintes palavras que denotam que a confissão aqui referida não significa uma permissão para continuar pecando deliberadamente, pensando que se desejarmos voltar à comunhão com Deus basta apenas confessar o pecado quando nós decidirmos fazê-lo.
“3 E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.
4 Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia.
5 E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os pecados; e nele não há pecado.
6 Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece.
7 Filhinhos, ninguém vos engane; quem pratica a justiça é justo, assim como ele é justo;
8 quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo.
9 Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus.
10 Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão.” (I Jo 3.3-10).
São palavras que apontam para o dever de se andar em verdadeira santidade de vida. Não é verdade? Como podemos então pensar que o próprio Deus nos estimularia em Sua Palavra a abusarmos da Sua graça e favor contando com o fato de que não há necessidade de se dar a devida atenção ao pecado, porque basta apenas confessar que erramos e tudo será perfeita paz e perdão?
Na verdade, as palavras de I Jo 1.9 devem ser interpretadas não apenas em todo o contexto do ensino bíblico sobre a confissão de pecados, como também dentro do próprio contexto desta epístola, de maneira a entendermos o que o apóstolo pretendia realmente ensinar, por inspiração do Espírito Santo.
Nos versos 36 a 46 de I Reis 2 é descrita a ruína de Simei, que havia infamado o rei Davi, lhe amaldiçoando injustamente, quando fugia de Absalão, e fazendo-se assim culpado de morte, segundo a Lei de Moisés, que determinava que fosse morto todo aquele que se levantasse contra as autoridades constituídas por Deus (Êx 22.28).
A lei que proibia a blasfêmia contra Deus está colocada ao lado da proibição de amaldiçoar o príncipe (Dt 22.28).
Como o ato de amaldiçoar o nome de Deus devia ser punido com a morte (Lv 24.15,16), subentende-se que amaldiçoar abertamente o príncipe sujeitava à mesma pena.
Os pais são constituídos como autoridade sobre os filhos, assim como o príncipe é constituído sobre todo o povo.
Assim, amaldiçoar os pais sujeitava também, no Velho Testamento, os filhos à pena de morte (Lev 20.9).
Mas, como Simei recebeu o indulto da parte de Davi, que prometeu que não o mataria enquanto vivesse, ele não pôde demonstrar lealdade ao filho de Davi, e seu novo rei, Salomão, porque tal lealdade não se encontrava nele, e vindo a desobedecer uma ordem expressa que Salomão lhe dera, de nunca se afastar de Jerusalém, veio a fazê-lo para a sua própria ruína, e foi morto por Benaia, a mando do rei, pois foi isto que ele lhe dissera que seria feito a ele, caso viesse a desobedecer a ordem que lhe havia dado, e assim, descumprindo aquilo que o rei lhe havia determinado com o caráter de uma sentença, Simei se fez digno de morte, segundo a Lei (Dt 17.12).
Silvio Dutra
Pouco antes de morrer, Davi chamou Salomão e lhe deu instruções específicas relativas às providências principais e iniciais que ele deveria tomar, em razão da promessa que o Senhor lhe havia feito de que nunca lhe faltaria sucessor no trono de Israel.
Quanto ao reino terreno dos sucessores de Davi a promessa era de caráter condicional, porque a continuidade deles no trono seria garantida somente pela fidelidade ao Senhor e à Sua Palavra, tanto que, por terem transgredido a citada condição, o reino de Israel foi interrompido por causa do cativeiro babilônico, e até que Jesus volte, nenhum outro descendente de Davi assumiu e assumirá o trono de Israel, porque o trono da promessa deve estar firmado na Justiça decorrente da prática da Palavra.
Como o reino na casa de Davi era um tipo do reino de Cristo, Salomão foi orientado por seu pai para se encarregar das condições que conduziriam tanto Joabe, quanto Simei, à morte.
Nisto, há também uma figura do reino de Cristo, no qual não poderão participar com Ele os homicidas sanguinários como Joabe, e os hipócritas como Simei.
E ainda, a misericórdia e o favor ordenados por Davi a Salomão, em relação aos filhos de Barzilai, que lhe havia alimentado e a seus homens, quando estiveram em Maanaim fugindo de Absalão, também ilustrava que o Rei Jesus usará de bondade e misericórdia para com aqueles que usaram de misericórdia para com Ele, e fomos instruídos pelo próprio Jesus que é para com Ele que estamos usando de misericórdia quando a manifestamos ao nosso próximo (Mt 25.40).
Por isso, no reino de Cristo o juízo será sem misericórdia para todo aquele que não usou de misericórdia (Tg 2.13), porque somente a misericórdia triunfa sobre o juízo, fazendo com que alcancem misericórdia eterna da parte de Deus, aqueles que foram misericordiosos (Mt 5.7).
Assim, foi ordenado a Salomão que os filhos de Barzilai continuassem comendo à sua mesa, e isto também sucederá a todos aqueles que se engajaram em favor do reino de Cristo, na chamada Igreja padecente neste mundo, porque haverão de reinar com Ele em glória, e se assentarão com Ele à Sua mesa.
Davi morreu e foi sepultado em Jerusalém, cidade que fundara, e não na sua cidade natal de Belém (I Reis 2.10).
Nos versos 13 a 25 de I Reis 2, nós encontramos as circunstâncias da morte de Adonias.
Ao que parece, conseguiu obter a simpatia de Bate-Seba, ainda que esta não se confiasse inteiramente a ele, pelo que podemos observar da cautela que teve quando Adonias se dirigiu a ela para pedir que intercedesse em favor dele junto a Salomão, para que Abisague lhe fosse dada por esposa.
Bate-Seba não percebeu que o que movia aquele pedido não era o amor mas o interesse político. Adonias não havia abandonado a idéia de ocupar o trono de seu pai.
Como não poderia fazê-lo diretamente, projetou um plano para começar pela cama de Davi até chegar ao seu trono.
Bate-Seba não percebeu a manobra, mas Salomão percebeu as intenções de seu irmão, e certamente deve ter acompanhado os seus passos até aquele ponto, e percebeu que trabalhava pela instabilidade do reino do qual Deus prometeu que seria firmado e estabelecido.
De outro modo, não teria ordenado que Benaia matasse o seu próprio irmão, porque já lhe havia poupado anteriormente da morte, perdoando-lhe a sedição que havia realizado.
Além disso, no diálogo que tivera com Bate-Seba ele reafirmou o seu direito à coroa, e insinuou que Salomão era um usurpador, que estava sentado no trono sob a alegação de que a sua coroação havia sido ordenada pelo Senhor.
Salomão era um homem devotado a Deus, mas não era este o caso de Adonias, que não Lhe tinha qualquer temor, tanto que agira contra a Sua vontade proclamando-se rei, e agora, estava arquitetando meios para subir ao trono.
Nós vemos portanto, que Salomão foi sábio não se permitindo ser conduzido pelos seus sentimentos, mas pela vontade de Deus, de modo que ficasse manifestado a todos, até que ponto estava disposto a garantir que a promessa e vontade de Deus fossem mantidas e cumpridas.
Especialmente, candidatos ao santo ministério da Palavra devem se guardar de todo orgulho espiritual e motivos pessoais, de forma que não sejam encontrados lutando contra a vontade do próprio Deus, cobiçando ocupar a posição daqueles que Deus chamou para estarem à frente do rebanho, ao qual eles pertencem.
Não procede do homem, mas do Senhor, a posição que cada um deve ocupar no Seu reino.
Nos versos 26 e 27 de I Reis 2, nós vemos Abiatar, o sumo sacerdote, sendo punido por Salomão, com a perda do seu posto para Zadoque, dado ter-se aliado a Adonias.
É destacado no verso 27 que isto ocorreu para que se cumprisse a palavra proferida pelo Senhor contra a casa de Eli, à qual Abiatar pertencia. O seu pai havia sido morto por Saul, assim como oitenta e cinco sacerdotes.
E quase oitenta anos haviam passado desde então, até que o juízo do Senhor contra eles teve cabal cumprimento.
Nos versos 28 a 35 são descritas as circunstâncias da morte de Joabe, que ao se inteirar do que Salomão havia feito a Abiatar, temeu por si mesmo, porque havia seguido também a Adonias e tal como este foi buscar refúgio junto aos chifres do altar, e ele se determinou em permanecer ali, até obter o perdão do rei, pensando que encontraria a mesma indulgência da sua parte, tanto quanto havia manifestado no princípio a Adonias.
Contudo, Salomão ordenou a Benaia que o matasse ali mesmo, porque agiria como o vingador do sangue de Abner e Amasa, e desta forma, como havia culpa de sangue em Joabe, não poderia contar com a proteção de Deus, uma vez que não a havia buscado no que fizera, por não ter tido o devido temor da Sua justiça, que de um modo ou de outro acabaria lhe alcançando para o devido ajuste de contas.
O crime de Joabe foi doloso, e esta condição não lhe dava o direito de se refugiar em Deus (Êx 21.14), e de igual modo, os homicidas dolosos não podiam contar também com a proteção das cidades de refúgio (Dt 19.11-13).
Jesus é na dispensação da graça, o Grande Refúgio no qual todo tipo de pecador pode encontrar abrigo e segurança quanto à salvação de sua alma, e perdão para os seus pecados.
Todavia, Deus recompensa a justiça e castiga o mal praticado pelos Seus filhos, como coisas separadas.
Ele não deixa de punir nossos erros, por maior que tenha sido o bem que vínhamos praticando.
Nós vimos isto na vida de Davi.
Caso Deus não castigasse o pecado e se omitisse na Sua função de reto Juiz, não estabelecendo um dia futuro para passar em revista todas as nossas obras, quer boas, quer más, Ele seria, ainda que indiretamente, o maior incentivador da prática do mal.
Entretanto, a Bíblia é bastante clara quanto a isto, e a própria experiência prática comprova, que Deus continua justo e justificador ao perdoar os pecadores em Cristo, para efeito de não serem mais condenados eternamente, mas, ao mesmo tempo, corrige a todos os Seus filhos, e sujeita à condenação eterna a todos aqueles que não se sujeitaram a Ele, para serem transformados e aperfeiçoados na justiça.
Há muita confusão no próprio meio evangélico quando se dá a textos que falam de justificação eterna, de perdão de pecados confessados, a interpretação de que isto é um tipo de salvo conduto para se permanecer na prática do pecado, como que o perdão ali referido significasse que Deus não leva em conta as nossas faltas, desde que as confessemos.
No entanto, não é isto o que estes textos bíblicos ensinam, senão que estes pecados confessados para efeito da continuidade da comunhão com Cristo, que é inteiramente santo, já foram expiados na cruz do calvário para não serem mais tidos na conta do motivo da nossa condenação eterna, mas, estes mesmos pecados que foram perdoados pela confissão, de modo a podermos voltar à comunhão com Deus, poderão dar ensejo até mesmo a correções dolorosas da parte do Senhor, como também produzir consequências que teremos que arcar.
“28 Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor;
29 pois o nosso Deus é um fogo consumidor.” (Hb 12.28,29).
O mesmo apóstolo João que disse: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.“ (I Jo 1.9), também disse na mesma epístola as seguintes palavras que denotam que a confissão aqui referida não significa uma permissão para continuar pecando deliberadamente, pensando que se desejarmos voltar à comunhão com Deus basta apenas confessar o pecado quando nós decidirmos fazê-lo.
“3 E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.
4 Todo aquele que vive habitualmente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia.
5 E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os pecados; e nele não há pecado.
6 Todo o que permanece nele não vive pecando; todo o que vive pecando não o viu nem o conhece.
7 Filhinhos, ninguém vos engane; quem pratica a justiça é justo, assim como ele é justo;
8 quem comete pecado é do Diabo; porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do Diabo.
9 Aquele que é nascido de Deus não peca habitualmente; porque a semente de Deus permanece nele, e não pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus.
10 Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do Diabo: quem não pratica a justiça não é de Deus, nem o que não ama a seu irmão.” (I Jo 3.3-10).
São palavras que apontam para o dever de se andar em verdadeira santidade de vida. Não é verdade? Como podemos então pensar que o próprio Deus nos estimularia em Sua Palavra a abusarmos da Sua graça e favor contando com o fato de que não há necessidade de se dar a devida atenção ao pecado, porque basta apenas confessar que erramos e tudo será perfeita paz e perdão?
Na verdade, as palavras de I Jo 1.9 devem ser interpretadas não apenas em todo o contexto do ensino bíblico sobre a confissão de pecados, como também dentro do próprio contexto desta epístola, de maneira a entendermos o que o apóstolo pretendia realmente ensinar, por inspiração do Espírito Santo.
Nos versos 36 a 46 de I Reis 2 é descrita a ruína de Simei, que havia infamado o rei Davi, lhe amaldiçoando injustamente, quando fugia de Absalão, e fazendo-se assim culpado de morte, segundo a Lei de Moisés, que determinava que fosse morto todo aquele que se levantasse contra as autoridades constituídas por Deus (Êx 22.28).
A lei que proibia a blasfêmia contra Deus está colocada ao lado da proibição de amaldiçoar o príncipe (Dt 22.28).
Como o ato de amaldiçoar o nome de Deus devia ser punido com a morte (Lv 24.15,16), subentende-se que amaldiçoar abertamente o príncipe sujeitava à mesma pena.
Os pais são constituídos como autoridade sobre os filhos, assim como o príncipe é constituído sobre todo o povo.
Assim, amaldiçoar os pais sujeitava também, no Velho Testamento, os filhos à pena de morte (Lev 20.9).
Mas, como Simei recebeu o indulto da parte de Davi, que prometeu que não o mataria enquanto vivesse, ele não pôde demonstrar lealdade ao filho de Davi, e seu novo rei, Salomão, porque tal lealdade não se encontrava nele, e vindo a desobedecer uma ordem expressa que Salomão lhe dera, de nunca se afastar de Jerusalém, veio a fazê-lo para a sua própria ruína, e foi morto por Benaia, a mando do rei, pois foi isto que ele lhe dissera que seria feito a ele, caso viesse a desobedecer a ordem que lhe havia dado, e assim, descumprindo aquilo que o rei lhe havia determinado com o caráter de uma sentença, Simei se fez digno de morte, segundo a Lei (Dt 17.12).
Silvio Dutra
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