segunda-feira, 3 de julho de 2017

Considerações sobre 2 João

À Senhora Eleita:
algumas considerações sobre 2 João

por

Josaías Cardoso Ribeiro Júnior

 

 

Segunda Epístola de João

1 O Presbítero à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais amo na verdade, e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade, 2 Por amor da verdade que está em nós, e para sempre estará conosco: 3 Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e amor. 4 Muito me alegro por achar que alguns de teus filhos andam na verdade, assim como temos recebido o mandamento do Pai. 5 E agora, senhora, rogo-te, não como se escrevesse um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros. 6 E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele. 7 Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo. 8 Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que temos ganho, antes recebamos o inteiro galardão. 9 Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. 10 Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. 11 Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras. 12 Tendo muito que escrever-vos, não quis fazê-lo com papel e tinta; mas espero ir ter convosco e falar face a face, para que o nosso gozo seja cumprido. 13 Saúdam-te os filhos de tua irmã, a eleita. Amém.

INTRODUÇÃO [1]

Talvez o termo “bilhete de João” descrevesse bem esta pequena carta à “Senhora Eleita”. Um dos menores livros da Bíblia, com apenas 13 versículos e uma mensagem de grande valor para os dias atuais, prova mais uma vez que o trabalho do Espírito Santo por trás da formação do cânon bíblico.

Autor

“O presbítero” – a palavra é uma transliteração do grego presbúteros, que significa tanto ancião como um cargo da Igreja (1 Pe 5.1). Para reconhecermos a autoria de João devemos perceber a semelhança da linguagem e mensagem da carta com 1 João. 1 João não faz menção de autor, mas o tipo de linguagem é o mesmo do Evangelho de João.

No princípio era aquele que é a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. Ela estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dela; sem ela, nada do que existe teria sido feito. Nela estava a vida, e esta era a luz dos homens.” (Jo 1.1-4)

O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam -- isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada.” (1 Jo 1.1,2)

Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço.” (João 15.10)

Quanto a vocês, cuidem para que aquilo que ouviram desde o princípio permaneça em vocês. Se o que ouviram desde o princípio permanecer em vocês, vocês também permanecerão no Filho e no Pai.” (1 Jo 2.24)

Muito me alegrei por ter encontrado alguns dos seus filhos, pois eles estão andando na verdade conforme o mandamento que recebemos do Pai.” (2 Jo 4)

A grande maioria dos pais da igreja (cristãos do século II em diante) reconhece João como autor das cartas e do Evangelho. Uma importante testemunha é Irineu, discípulo de Policarpo. Policarpo, por sua vez, foi discípulo de João (como Timóteo e Tito foram de Paulo, e Marcos foi de Pedro).

Apesar disso, nos primeiros anos da Igreja, existiu uma corrente que afirmava a existência de duas pessoas chamadas João na Igreja Primitiva. Elas seriam João, “o discípulo amado”, e João, “o presbítero”, mas poucos davam valor a esta teoria. A teoria perdeu a força com o tempo, mas ressuscitou recentemente com alguns defensores, teólogos liberais em sua maioria. (Na verdade, a inventividade destas pessoas já deve ter criado quase 10 pessoas chamadas “João” na Igreja primitiva).

Destinatários

“A Senhora Eleita e seus filhos” – Pode ser uma referência a uma respeitável irmã. Esta teoria é menos provável, por isso cremos que é apenas uma forma de João se expressar em relação à Igreja a quem ele escreve. No final da carta ele também faz referência à “irmã eleita” que saúda. E Pedro fala de uma “eleita” em Babilônia, em 1 Pedro 5.13.

Curiosidade: As teorias quanto à “Senhora Eleita” (eklekte kuria) como pessoa são tão criativas que sugerem desde Maria, mãe de Jesus (pois João ficou responsável por ela), a Marta, irmã de Lázaro (cujo nome significa “senhora, dama”), e até uma mulher chamada Electa. Alguns até que se trata de uma carta de amor de João a esta “Electa”.

Propósito

Advertir a Igreja quanto à chegada de falsos mestres. Podemos tomar “verdade” como palavra-chave da epístola.

MENSAGEM E CONTEÚDO

Caminhar cristão - Três formas em 1

- O cristão anda na verdade (v.4)
- O cristão anda em amor (v.6)
- O cristão anda segundo os mandamentos (v.6)

Por que três formas em uma? Veja como o raciocínio de João dá um loop, é cíclico:

Quem caminha na verdade, está caminhando conforme o mandamento recebido do Pai. Que mandamento é este? Que nos amemos uns aos outros. Então, João resolve definir o que é o amor. E qual não é a nossa surpresa quando ele responde “que andemos em obediência aos mandamentos do Pai”? Quem anda em obediência aos mandamentos do Pai está – logicamente – caminhando na verdade.

Assim, não existe forma de se separar a verdade, o amor e o mandamento. E apenas os crentes são capazes de andar desta forma – conhecem a Verdade (João 14.6), amam (1 João 4.7,8) e guardam os mandamentos (João 14.21).

O amor cristão é mais que um sentimento de simpatia, amizade ou atração. Amar é um mandamento de Deus, ou seja, envolve a ação objetiva de realmente amar as pessoas, apesar de tudo. Esta é a diferença do amor humano para o amor de Deus.

“O homem ama por causa de, Deus nos ama apesar de” (citado pelo Prof. Marcos Alexandre R. G. Faria)

Claro que isto é extremamente difícil, mas podemos usar a “dica” que C.S. Lewis nos dá em seu livro Cristianismo Puro e Simples para amar o próximo como a si mesmo. A citação é grande, mas me parece que vale ser lida:

Como é, exatamente, que amo a mim mesmo?(...) Meu amor próprio me faz pensar bem de mim mesmo, mas pensar bem de mim mesmo não é o motivo pelo qual me amo. Amar os inimigos, então, não significa ter que pensar bem deles... Por mais que eu não gostasse da minha covardia, do meu convencimento e de minha ambição, jamais deixei de me amar. Nunca houve a menor dificuldade nisso.

De fato, a verdadeira razão pela qual eu odiava as más ações era que eu amava quem as praticava. Justamente porque me amava é que sentia tristeza em constatar que eu sou a espécie de homem que faz esssas coisas (...) O Cristianismo pretende que as odiemos [as ações más do próximo] do mesmo modo como odiamos as nossas próprias ações: ficando tristes pelo fato de alguém ter feito tais coisas e esperando, se for possível, de alguma maneira, em algum tempo ou lugar, a cura para esa pessoa..

(...) Admito que isso significa amar pessoas que nada têm de amáveis em si mesmas. Mas então será que alguém possui algo de amável em si mesmo? Amamos a nós mesmos simplesmente porque somos nós. Deus quer que amemos as pessoas do mesmo modo e pela mesma razão... Talvez isso fique mais fácil se nos lembrarmos de que é assim que Ele nos ama. Não pelas boas e atraentes qualidades que supomos ter, mas só porque somos pessoas como somos.

Quanto aos Falsos Mestres

Mais uma vez, um escritor bíblico precisa enfrentar o proto-gnosticismo, início do movimento gnóstico (que só ganharia força no século II). Da mesma forma que Judas teve de tratar aqueles que transformavam a graça de Deus em libertinagem, João tem de lidar com enganadores que negavam que Jesus veio em carne.

Devido à idéia (da filosofia grega) de que aquilo que era matéria era ruim, estes falsos mestres não podiam aceitar que “o Verbo (Logos) se fez carne”. Era inimaginável para este pensamento que um ser transcedente (seja o próprio Deus, seja o “Logos”) se torne um ser humano, algo mau na opinião deles.

João muito provavelmente está combatendo uma destas duas correntes de pensamento protognóstico.

Docetismo – do grego “dokeo” = parecer. Criam que Jesus tinha apenas a aparência de homem, mas era um espírito.

Cerintismo – Cerinto, um herege, ensinou que Jesus era humano, mas ao ser batizado, o “Cristo” na forma de pomba, desceu sobre ele. Na cruz, o “Cristo” o deixou, e ele morreu sozinho, como homem.

Trecho de “Atos de João”, apócrifro do segundo ou terceiro século. Aqui “Jesus” revela a “João” o que realmente aconteceu com ele quando da crucificação:

Tu deves conhecer a mim, então, como um tormento do Logos, o sangue do Logos, as feridas do Logos, o jejum do Logos, a morte do Logos. Assim eu digo, descartando minha humanidade. O primeiro então que deves conhecer é o Logos, depois deves conhecer o Senhor, e em terceiro lugar o homem, e o que ele sofreu."

Lidando com falsos mestres

Antes de seguir, é evidente que precisamos do cuidado em conciliar o ensino de Jesus quanto ao joio e ao trigo, e o ensino de João quanto aos falsos mestres. O ponto, em minha opinião, é bastante simples. Pelo que sei é complicado diferenciarmos o joio do trigo, mas no caso dos falsos mestres percebemos claramente que estes homens se assemelham tanto aos mestres da verdade quanto um campo de cana-de-açúcar se assemelha ao trigo – e ao próprio joio, ironicamente.

Tendo isto em mente, prossigamos.

1) “Não recebam em casa

João está dizendo que estes falsos mestres haviam “saído pelo mundo”. Provavelmente, ele estava alerta quanto às suas atividades e escreveu esta carta advertindo os crentes a não os receberem em casa (v.10).

Aqui, não se trata do caso de levarmos ao extremo de enxotar todos aqueles que discordem de nossas opiniões. Aliás, embora o crente deva deixar claro suas convicções em relação ao evangelho, ele não tem nada que tratar mal aqueles que não abraçaram o cristianismo. Então de que João fala aqui?

É ponto pacífico entre os estudiosos que muitos cristãos tinham ministérios intinerantes, viviam de cidade em cidade pregando e ensinando. Este exemplo é simplesmente uma imitação da forma como Jesus agia (Mt 9.35, Lc 13.22) e como Ele ensinou aos seus primeiros discípulos (Lc 10.1). Sabemos que Paulo também fazia isto e que muito provavelmente alguns dos irmãos de Jesus tinham um ministério do tipo (1 Co 9.5). Assim, estas pessoas que “saíram pelo mundo” muito provavelmente estavam fazendo ministérios do tipo.

Diante destas evidências, podemos entender que João não permitia que os filhos da Senhora Eleita deixassem estes homens entrarem nas casas – onde reuniam-se as igrejas primitivas, para ensinarem. O grande problema desses homens não é que eles não fossem “crentes”. Como precisamos entender nos dias de hoje, a ameaça era de homens que se diziam cristãos (e talvez até acreditassem que eram), mas não eram, pois ensinavam mentiras. Posando com uma falsa humildade (como vemos em Colossensess 2) poderiam enganar ou perturbar alguns membros da Igreja.

Não tenho qualquer dúvida do quão importante este ensino é para os dias de hoje. Desde o princípio do cristianismo, falsos mestres perambulam por aí, “em nome de Jesus”, ensinando tolices e deturpações da doutrina dos evangelhos. Se naquela época, quando os discípulos de Jesus ainda eram vivos, existia este problema, quanto mais hoje!

Há alguns meses antes de escrever esta aula, a igreja em que congrego passou, em menos de duas semanas, por uma situação parecida. Num final de semana, nos visitou um pastor batista para um congresso, e quando nos demos conta, ele desfilava um estoque de heresias que levaria Lutero a escrever pelo menos mais umas 950 teses. Na semana seguinte, uma senhora famosa por seus programas de TV veio trazer uma mensagem para nossas crianças. Sua mensagem era tão contrária aos princípios da igreja que foi preciso semanas para tentar apagar isso.

O resultado – estas pessoas não serão mais recebidas “em casa”, e os próximos convidados terão de passar por uma aborrecida (porém necessária) conversa com o pastor, mesmo que carreguem o crachá de “batista”, como nossa igreja carrega.

Embora não seja algo sempre detectável, mais do que nunca, as igrejas cristãs precisam levar a sério este ensinamento de João. O próprio Senhor Jesus deixou claro que não reconhecerá, no Dia do Juízo, todo aquele que diz “Senhor, Senhor”.

Por que a Igreja tem de reconhecê-los?

2) “Além do ensino de Cristo

Eu disse acima que um falso mestre não era algo sempre detectável, mas João ao menos nos fornece pistas de como é o caráter destes enganadores. O presbítero deixa claro que são pessoas que vão “além do ensino” (NVI) de Cristo. Esta idéia nos lembra a convicção reformada de não ultrapassarmos o limite até onde as Escrituras nos levam. É evidente que muitas de nossas doutrinas, ensinos, comentários são inferências de toda a Palavra, mas isto não significa que estamos indo além.

Isto também não quer dizer que a interpretação bíblica se fechou de tal forma que, se alguém interpretar de forma diferente do que estamos acostumados, tratemos de apelidar a pessoa de anticristo e enganador. Se assim fosse, jamais teríamos a contribuição daqueles que nos apresentaram outras visões de certos textos.

Por exemplo, a controvérsia em relação ao “eu” de Paulo em Romanos 7. Não entrarei no mérito da questão, mas a interpretação dada a este texto não vai além da doutrina de Cristo – pelo contrário, podemos enxergar com outros olhos esta passagem, mesmo que não concordemos com uma das interpretações propostas.

O problema é bem mais fundo. Caio Fábio relata ter assistido um pastor televisivo falar que “isto de Jesus ter levado todas as maldições na Cruz... não é bem assim”. O problema está no “não é bem assim”. Me lembra um irmão (isto se trata de um caso real) que discorda das palavras de Paulo de que “nada nos separará do amor de Cristo” (Rm 8.39).

O segundo irmão, apesar de seus problemas por “discordar” da Escritura, ou de Paulo, para sermos mais específicos, não está numa posição de ensino. Não está sendo “recebido nas casas” e enganando os filhos da Senhora Eleita. É verdade que ele está solapando toda a obra da Trindade, mas não se trata do caso mais grave, porque nem todo mundo dará atenção a alguém que não tem aquele status de professor de Bíblia.

Esta é a diferença entre o Pastor da TV e o segundo. E, espero, pela graça de Deus que este irmão reveja seus conceitos, pois caso um dia ele exerça algum ministério de ensino, não tenho qualquer objeção a impedí-lo de proclamar sua “discordância” em púlpito.

A questão é – de onde nascem irmãos assim?

Justamente de pessoas como o Pastor da TV!

O Pastor da TV está falando a milhares de pessoas, das mais diversas comunidades e pensamentos cristãos. Nem todos têm uma base bíblica para perceber a sutileza de seu ensino. Dizer que Jesus não carregou todas as nossas maldições e que ainda temos de purgar algumas delas aqui na Terra é desvalorizar a obra perfeita de Cristo na Cruz. Quando o Senhor disse “está consumado”, Ele realmente quis dizer que “está consumado!”. Ele estava dizendo “Eis que faço novas todas as coisas”, dizendo “agora, não há mais condenação para os que estão unidos a Mim”, “eu livrei vocês de toda maldição porque Eu estou me fazendo maldição”! (respectivamente – Jo 19.30, Ap 21.15, Rm 8.1, Gl 3.13).

E então, alguém se fazendo de mestre diz que “não é bem assim”. Irmãos, esta pessoa está literalmente enganando e sendo um anticristo. “Dura é esta palavra”, mas a palavra realmente é esta. Alguém que desmerece (além da própria Escritura) os benefícios conquistados pelo sofrimento, pela morte, pela obediência e pela humilhação de Jesus está numa posição contrária Àquele que Deus prometeu que tomaria todas as nossas maldições (ou eu vou negar Isaías 53, por exemplo?).

Que posição tomaremos? A Verdade, que nos conduz a uma posição correta diante de Deus? Ou ao engano, que nos torna antagonistas do Evangelho e nos coloca contra Cristo?

3) “Quem não persevera na doutrina...

João deixa claro que só é de Deus ou seja, um autêntico cristão, aquele que permanece no que foi ensinado. Qualquer alteração nas doutrinas básicas do cristianismo significava não ter nem o Pai nem o Filho. Mais uma vez, vamos tratar primeiramente dos extremismos a que isso pode nos levar.

Os falsos mestres estavam negando uma doutrina básica do Cristianismo – a encarnação de Jesus Cristo. Não era uma questão de ética, não se tratava de uma discussão sobre o Milênio, não era nada tão complexo. Era uma verdade básica da recém-nascida doutrina cristã. [2]

A idéia de que eles não perseveraram nos diz muito. Para alguém perseverar em alguma coisa, este alguém precisa ter passado por este “alguma coisa”. Como João nos diz que eles não permaneceram nesta “coisa” que é justamente a doutrina de Cristo, porém foram além dela, inferimos que os falsos mestres anteriormente se faziam de cristãos, e ainda deveriam se fazer. Assim, confirmamos outra vez a identidade dos enganadores – pessoas de dentro da igreja que não pertencem, nem jamais pertenceram à verdadeira Igreja. E é realmente isto que me preocupa mais.

Às vezes nos apegamos tanto a um pregador, que esquecemos que ele pode, de uma hora para outra, ultrapassar a doutrina de Cristo. E aí continuamos engolindo as bobagens que são ditas porque o cara ainda está lá dentro da igreja, ele está ensinando. Sim, ele foi recebido em casa e nós estamos saudando ele. E João nos dá uma palavra dura em relação a isto.

O original traduzido como “saudar”, segundo John Stott, seria algo como falar “boa viagem”, que por sua vez eram uma expressão para se desejar prosperidade naquilo que a pessoa irá fazer, era como aquela oração de bênção ou de agradecimento que fazemos pelo “pregador convidado” ao fim do culto. Uma vez que passamos a tolerar, seja qual for o motivo, algum ensinamento anti-bíblico de pessoas que afirmam serem discípulos de Jesus, nos tornamos colaboradores delas.

É isto que João quer dizer com “ter parte nas suas obras más”. Você se torna um co-participante de obras más, realizadas por quem “não viu a Deus”, ao invés de ser um co-participante do Evangelho (1 Co 9.23), algo apenas possível para aqueles que “conhecem a Deus”, que têm o Pai e o Filho e, portanto, o Espírito Santo que vem dos dois (Jo 16.7-16)

Fico cheio de questionamentos ao ler isso. E tenho a plena convicção de que estas questões se referem especialmente a mim. E me entristece mais, depois de um discurso tão pomposo, pensar sobre mim mesmo nestes termos:

• Como pode um crente não se sentir incomodado em colaborar em más obras? 

• Como podemos fazer política de boa vizinhança com qualquer um que professa o nome de Cristo, mas ensina e realiza absurdos que envergonham o Senhor? 

• Como podemos, depois de perceber quão enganoso foi o “mestre” que nos falou, ainda pedirmos a Deus que abençoe o seu ministério, ao invés de os admoestá-los na verdade em amor (Ef 4.15)?

E o grande desafio de tudo isto – ter sabedoria para conciliar o amor pela verdade, o amor em verdade pelos outros, e o desprezo por aqueles que se dizem cristãos mas são anticristos?

Que o Espírito Santo nos guie e conceda discernimento para reconhecermos os falsos mestres e recebermos os verdadeiros filhos da Senhora Eleita.

Se a instrução de João parece dura, é talvez porque o seu interesse pela glória do Filho e pelo bem das almas humanas é maior do que o nosso, e porque a ‘tolerância de que nos orgulhamos’ é na realidade ‘indiferença para com a verdade’.” (John Stott, citando Neil Alexander)

Notas

[1] Este estudo foi preparado originalmente para uma classe de EBD, porém ampliado mais tarde. Por este motivo, há esta pequena questão de autoria e destinatário, que embora seja superficial, preferi mantê-la. Caso o leitor deseje se aprofundar, existe o livro de Stott citado na bibliografia.

[2] Não estou com isso apoiando aqueles que gostam de manter-se em cima do muro em relação a assuntos polêmicos, mesmo tendo sua opinião formada. Tal atitude me parece temor pela reação dos outros que uma tentativa de não se criar facções. Não tenho qualquer dúvida de que o Espírito Santo esclarecerá questões polêmicas através da Palavra e de Sua natureza reconciliadora, mas é imprescindível que as pessoas envolvidas estejam com o coração aberto para a possibilidade de estarem enganadas. Uma coisa é assumir sua ignorância quanto a determinado assunto. A outra é se omitir por pura auto-defesa.

Bibliografia

LEWIS, C.S. Cristianismo puro e simples. São Paulo, ABU, 1992.

STOTT, John R.W. As epístolas de João – Série Cultura Bíblica. São Paulo, Mundo Cristão e Vida Nova, 1982.

FÁBIO, Caio. Quebrando a quebra de maldições – no site http://www.caiofabio.com.br

FARIA, Marcos Alexandre R.G., Apostila Novo Testamento 2 – Introdução a I, II, III João e Apocalipse. – http://www.icegob.com.br/marcos

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Sobre o autor: O autor do presente artigo é estudante de teologia na Faculdade Teológica Batista de Brasília e membro da Terceira Igreja Batista do Plano Piloto (Brasília-DF), onde atua nas áreas da Juventude, Missões e dá aulas na classe de adolescentes da EBD. É um dos colaboradores nas traduções do Monergismo.com. 


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

RAABE - A MULHER QUE ESCOLHEU AJUDAR... ACREDITAR... CONFIAR

"Porém, aquela mulher tomou os dois homens, e os escondeu..." (Josué 2:4).



Raabe, juntamente com Sara e Joquebede, faz parte da galeria dos grandes heróis da fé de Hebreus 11.

Vejamos o que a Palavra de Deus nos fala de cada uma delas:

1) Sara - (casada com Abraão, o amigo de Deus) "Pela fé também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber, e deu à luz já fora da idade; porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido" (Hebreus 11:11).
2) Joquebede - (casada com Anrão e mãe de Moisés) "Pela fé Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei" (Hebreus 11:23).
2) Raabe (não era casada mas era, na verdade, uma prostituta) - "Pela fé Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias" (Hebreus 11:31).
Como vemos, Raabe era uma prostituta. Ela não tinha a mesma educação, nem o mesmo conhecimento de Deus como tinham Sara e Joquebede. Sabemos que ela fez escolhas que agradaram a Deus e que a fez ter o mesmo valor destas outras duas mulheres de fé, diante do Senhor.
Ela fez escolhas certas porque já tinha ouvido falar no Deus de Israel. Ela ouviu falar no Deus que fazia milagres diante de todo o povo de Israel para favorecê-lo. Ela jamais poderia imaginar que, um dia, estaria frente a frente com dois israelitas que iriam precisar da sua ajuda.
O Senhor já, de antemão, preparava o seu coração. Ela, provavelmente, admirava este povo cujo Deus fazia tantas maravilhas. Por já amar este povo, ela, então, decidiu ajudar aqueles dois espias israelitas, provando que tinha fé no Deus Todo Poderoso que, com certeza, a livraria de uma morte certa.
Apesar de ser prostituta, ela tinha qualidades que, hoje em dia, é difícil de se encontrar, até mesmo, entre mulheres de Deus. Raabe era...
1- uma mulher corajosa (Você, amada irmã, teria coragem de morrer por amor a Cristo?);
2- uma mulher que tinha um coração muito bom (Você tem misericórdia daqueles que estão sofrendo? Você ajuda aqueles que estão necessitando de você mesmo pondo em risco a sua própria vida como fez Raabe?);
3- uma mulher de muita fé (Você crê em tudo que a Bíblia diz? Você crê que Jesus morreu em seu lugar? Você crê que Ele nos garante a vida eterna? Você crê que aceitando Jesus como seu Salvador, você se reconcilia com Deus Pai? Você crê que aceitando Jesus você fará parte da família de Deus?).
Em Hebreus 11:6, a Bíblia nos diz que "... sem fé, é impossível agradar-Lhe."
Sejamos como Sara que creu que o Senhor daria a ela um filho de cuja linhagem nasceu o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Sejamos como Joquebede que, apesar de ter lançado o seu filho (Moisés) no rio Nilo, ela creu que o Senhor estava no controle de tudo.
Sejamos, finalmente, como Raabe que, mesmo não sendo judia, ajudou os dois espias enviados por Josué porque creu no Deus de Israel.
Por causa de sua fidelidade ao povo de Deus, o Senhor a poupou, como também a toda a sua família quando da destruição de Jericó.
Além de tudo isso, ela ainda casou com Salmon, viveu em Israel e foi a mãe de Boaz, aquele que se casou com Rute que foi a bisavó do rei Davi. Jesus, o nosso Senhor e Salvador foi, então, descendente de Raabe, a prostituta.

Quando estamos andando com o Senhor, quando pela fé cremos que o Ele está no controle de tudo, bênçãos são derramadas em nossa vida.
Nunca duvide do Senhor! Creia que Ele não é apenas seu Deus mas é também seu Salvador. Confie e nunca duvide, pois ...
"A dúvida vê os obstáculos. A fé vê o caminho.
A dúvida vê a escuridão da noite. A fé vê o dia.
A dúvida tem medo de dar um passo. A fé eleva-se nas alturas.
A dúvida pergunta: 'Quem acredita?' A fé responde: Eu." (Elizabeth George)

Raabe recebeu do Senhor muitas bênçãos graças a alguns passos que ele decidiu dar:

1- Ela, apesar de não fazer parte do povo de Deus, ajudou os espias enviados por Josué;
2- Ela, apesar de não fazer parte do povo de Deus, acreditou naqueles dois homens;
3- Ela, apesar de não fazer parte do povo de Deus, creu na promessa de que eles poupariam a sua vida e a vida de sua família quando Jericó fosse destruída.

Vemos na Bíblia que Deus nos oferece inúmeras promessas. Dentre tantas, vemos ...

a) a Sua promessa em não nos abandonar (Hebreus 13:5) ...
"... Não te deixarei, nem te desampararei."

b) que Ele supre as nossas necessidades (Filipenses 4:19) ...
"O meu Deus, segundo as Suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus."

c) que Ele nos dá a salvação (Romanos 10:9) ...
"... Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus O ressuscitou dentre os mortos, serás salvo."
Ah, amada irmã, existem promessas mais preciosas do que estas? Todas elas nos fazem exultar de júbilo, de alegria e de agradecimento a este Deus tão amoroso que cuida de nós, supre todas a nossas necessidades e, além de tudo isto, ainda nos dá a salvação eterna junto a Ele.
Confiemos no Senhor, sejamos mulheres que mostram ao mundo perdido, uma fé inabalável, uma fé que nos deixam confiante no Deus que nunca falha!
Tenhamos a fé de Raabe que, corajosamente, enfrentou o rei, não entregando os espias e arriscando perder a sua própria vida. Ela não conhecia as palavras que, no futuro, um apóstolo de Jesus (Pedro) diria ao sumo sacerdote, mas o seu coração, certamente, falava as mesmas palavras dele ...
"... Mais importa obedecer a Deus do que aos homens" (Atos 5:29).
Tenhamos a fé de Raabe que, agora, conhecendo o Deus de Israel, sabia que a sua cidade seria destruída mas ela queria a sua salvação e a salvação de toda a sua família. Ela queria a salvação física mas, principalmente, a salvação espiritual que daria a ela e a todos os seus, a vida eterna.
Raabe fez um grande bem a estes dois homens judeus porque, não só conhecia os feitos maravilhosos do Deus deles mas também porque ela tinha uma natureza amorosa. Esta característica que tinha Raabe deve ser seguida por nós, pois é a própria Bíblia que nos exorta em Gálatas 6:10 quando diz ... "... enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé."
Certamente, Raabe sofreu com a destruição da sua cidade e do seu povo mas, por outro lado, se alegrou por Deus ter dado a ela, uma prostituta, a oportunidade de servi-Lo, amá-Lo e fazer parte do Seu povo.

Muitas vezes, nos maravilhamos com as decisões que o Senhor faz. Podemos ver, por exemplo, Ele escolhendo pessoas imperfeitas para por em prática o Seu plano perfeito. Vejam este quadro:
Raabe - uma prostituta de cuja descendência nasceu Jesus, o nosso Salvador.
Sara - uma mulher estéril que, aos 90 anos, deu à luz Isaque.
Moisés - um homem gago usado por Deus para falar com Faraó e salvar o seu povo da escravidão do Egito.
Davi - um jovenzinho que cuidava de ovelhas e se tornou rei de Israel e um homem segundo o coração de Deus.
Paulo - um homem perseguidor de cristãos que levou o evangelho a todo o mundo ímpio.
Jumenta de Balaão - que foi usada pelo Senhor para impedir Balaão de amaldiçoar o povo judeu.
Vemos que Deus transforma vidas, muda corações, fortalece os fracos... e pode também mudar a mim e a você. Temos somente que ficar atentas ao Seu chamado e querer, de todo o coração, servi-Lo e estar sempre pronta a dizer: "Eis-me aqui" (1 Samuel 3:6).

Estejamos sempre prontas para servir ao Senhor a qualquer hora, a qualquer momento.
                                                                                 

Valdenira Nunes de Menezes Silva


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

ADORAÇÃO João 4.23, 24

“Mas vem a hora, e já chegou quando os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em Espírito e em verdade, porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em Espírito e em verdade”. (Jô 4.23-24)
A adoração é uma forma mais íntima de relacionamento com Deus. No louvor declaramos que Deus fez e faz grandes coisas; Suas obras são perfeitas! Expressamos o louvor a Deus, mesmo em meio às lutas, certos de que Deus transforma a maldição em benção. O louvor realmente traz libertação à nossa alma e cura para o nosso corpo.
Mas a adoração acontece em um nível de maior proximidade e intimidade com Deus.
Esta é a dimensão da adoração, onde o Espírito Santo, através do nosso Espírito Santo, nos leva a uma intimidade maior com o Pai. É algo tão glorioso que não existem palavras para descrever o que sentimos. Vai além dos sentimentos, pois adoramos em espírito e em verdade.
É no louvor que ficamos preparados para entrar nesta dimensão de intimidade com o Senhor. Entretanto, muitas pessoas ficam satisfeitas só com o louvor, e não avançam para a Sala do Trono. Elas louvam bem, mas não partem para a adoração. É preciso partir do louvor para a adoração. Do lugar Santo para o Santo dos Santos, que é o êxtase da comunhão com Deus.
Deveria haver mais tempo nos cultos e reuniões da Igreja para este momento tão especial de adoração. Dar tempo ao povo para cantar cânticos novos em línguas ao Senhor e entrar neste oceano do Espírito onde maravilhas acontecem em nosso interior, pois estamos face a face com o Senhor de toda a Terra e Céus. Aleluia!
Na adoração, vamos à presença do Senhor para manifestarmos todo o nosso amor a Ele. Quando adoramos, estamos ministrando exclusivamente ao Senhor Jesus, que é digno de toda a nossa adoração. Vamos a Ele com a intenção de dar e não com intenção de receber. Na adoração, só importa a Pessoa de Deus pelo que Ele é e não pelo que Ele poderá fazer a nós.

Definindo Adoração
Não se pode definir exatamente o que é adoração, pois adorar é amar a Deus, e o amor não se define, e sim, experimenta-se. Só quem ama, pode ter algum entendimento do que é o amor. Assim também, só quem adora a Deus, pode perceber o que é a adoração. Porém, podemos dar algumas definições de adoração.

1 - Beijar a Face de Deus
Certa vez eu estava num momento de profunda adoração, a sós com Deus, quando comecei a ter a sensação de um rosto bem pertinho do meu. Por alguns segundos, imaginei que fosse o meu esposo que havia se aproximado de mim de mansinho, mas não era. Não havia ninguém no quarto senão eu e o Senhor Jesus. Tive uma sensação gloriosa, como se eu estivesse beijando a face de Deus.
Qual foi a minha surpresa e alegria quando descobri que no original grego do Novo Testamento, a palavra que foi traduzida para adoração é a palavra grega PROSKENEU, que na verdade, significa beijar a face em reverência, ou seja, beijar a face de Deus. Foi o que eu senti naquele momento de adoração.
Ora, para beijar a face de alguém, é preciso proximidade e intimidade. Eu não posso beijar o rosto do meu esposo de longe. Assim, não podemos adorar a Deus de longe. É preciso estar bem pertinho dele, no aconchego dos Seus braços, na Sala do Trono, desfrutando de uma verdadeira paixão eterna.
Faço uso da palavra paixão no sentido de um fogo eterno de amor a Deus, o qual jamais se apagará. Não me refiro à paixão no sentido que esta palavra tem popularmente, ou seja, no sentido carnal. Mas é num sentido sublime, de um amor apaixonado que se renova a cada dia, isto é, como uma paixão eterna que se renova a cada dia, numa proximidade bem íntima com o nosso amado Senhor. Assim, podemos afirmar que adorar é beijar a face de Deus.

2 - Amar a Deus
O adorador é um verdadeiro amante de Deus. Isso mesmo! Se somos adoradores, então somos amantes de Deus, como ordena o mandamento: “Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força”. (Mc 12.30)
Este versículo é a melhor definição para adoração, se é que o amor pode ser definido. Adorar é amar a Deus como diz este versículo. De todo o coração, isto é, com o nosso Espírito recriado. De toda a nossa alma, isto é, com toda a nossa mente e com toda a nossa força, com todo o nosso corpo. Esta é a dimensão mais íntima de relacionamento com o Deus verdadeiro. Adorar a Deus é amá-lo com todo o nosso ser. A adoração é algo tão profundo, tão forte e tão íntimo, que as palavras precisam estar ungidas totalmente pelo Espírito Santo para significar pelo menos um vislumbre o que seja o amor de Deus.
Adorar é amar muito ao Senhor. É responder ao amor divino. É uma rendição total a Ele. Não existe nada, ninguém, nem coisa alguma que possa ocupar o lugar do Pai Celestial em nosso coração. Tudo é dele e para Ele. Adorar é beijar o coração de Deus. É um relacionamento muito profundo. Não depende de nada externo, como um templo, um monte ou uma cidade. No diálogo entre Jesus e a mulher samaritana, aprendemos que a adoração, não depende do lugar físico onde o adorador se encontra. Não importa se é num monte em Samaria ou se é no templo em Jerusalém. A verdadeira adoração acontece no Espírito recriado do adorador, não importando se o mesmo está em sua casa, no templo, na cidade, no campo, no supermercado, na escola, no carro ou no ônibus, ou cruzando os céus num avião, ou cruzando os oceanos num transatlântico. Não depende de nada externo. É lá no íntimo, todo o tempo, em todo lugar.
A adoração não depende de sentimentos tais como arrepios ou qualquer outra reação externa. Até podemos sentir fortes emoções, ou mesmo arrepios gostosos ou outros sintomas agradáveis, maravilhosas emoções, mas a adoração não depende de nada disso. É lá dentro do nosso ser, assim como o amor também não depende de nada disso e acontece no âmago de nós mesmos.
O adorador tem uma sede de ser fiel e santo ao Senhor, uma vontade de fazer somente o que agrada a Deus. Tudo o que importa é que Deus seja engrandecido, que o Senhor Jesus cresça em nosso coração, como diz João Batista: “Que Ele cresça e que eu diminua” (Jô 3.30), pois somente Ele é digno de ser glorificado, exaltado e adorado.
Adorar é fazer a vontade do Pai em resposta ao seu eterno amor. É desejar os desejos dele e querer, sobretudo, agradá-lo. O adorador vive para agradar a Deus, pois quem ama vive para agradar a pessoa amada.
Assim, se amamos a Deus, vivemos para agradá-lo. Adorar é entrar na Sala do Trono, onde o Pai eterno está entronizado e beijar a Sua face em espírito, com o coração totalmente rendido ao Espírito Santo. E isso só é possível se tivermos profunda comunhão com Deus. Beijar a face de Deus espiritualmente requer proximidade e comunhão, num relacionamento de amor eterno, repito, como numa paixão eterna, um amor como fogo que jamais se apagará. Adorar é, pois, amar a Deus.

3 - Dar a Deus
É tão glorioso falar sobre adoração!
O nosso coração bate mais forte. Chego a ficar emocionada com o nosso querido Espírito Santo guiando os adoradores.
Desde Gênesis à Apocalipse, encontramos os adoradores adorando ao Deus vivo e verdadeiro. De acordo com Efésios 1.12, fomos criados com o fim de sermos para louvor da glória de Deus. Nós, os que antes havíamos esperado em Cristo, fomos feitos para adorarmos a Deus.
Adão e Eva foram os primeiros adoradores terrestres. Foram criados com o propósito de adorar a Deus. Eles mantiveram uma profunda e perfeita comunhão com o Pai, até que caíram em pecado. Enoque andou com Deus. Eis aí outro exemplo de adorador, que amou tanto a Deus que foi logo levado para o lar celestial (Gn 5.22-24).
Mas quero chamar a atenção para o exemplo de Abel. Abel foi um adorador (Gn 4.4). A adoração verdadeira tem tudo a ver com o ato de dar algo a Deus. Este algo não pode ser qualquer coisa. É dar a Deus o nosso melhor. A Palavra diz em Deuteronômio 16.16: “não aparecerão vazios perante o Senhor”. Adorar é ministrar ao Senhor o nosso amor. E este amor é em Espírito e em verdade. Em espírito, porque é com o nosso Espírito que adoramos. E em verdade, que dizer, na prática, com atitudes verdadeiras, sinceras, honestas. Na adoração
ministramos ao Senhor, cantamos para Ele, olhamos para Ele, olhamos para Ele, entregamos a Ele nossos dízimos e ofertas, como fez Abel, dando a Deus o melhor.

pra. Delza



quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A Perfeição Cristã


AUTOR: PR. WELFANY NOLASCO RODRIGUES


-Tema: SANTIFICAÇÃO
Filipenses 3.12-16
-Introdução: A santificação é um tema doutrinário que precisa ser resgatado e ensinado.  João Wesley pregou sobre o que chamava de Perfeição Cristã ensinando que é preciso ter como alvo ser semelhante a Jesus. Este ensino foi a base de um grande avivamento.
 Infelizmente muitos nem acreditam ser possível alcançar a santidade. A santidade não é viver sem pecado, é lutar e não se conformar com o pecado se entristecendo quando erra ao invés de ter prazer.
Como se aperfeiçoar a cada dia?
O apóstolo Paulo mostra como devemos nos aperfeiçoar:

 1- HUMILDADE: v.12 e 16
HUMILDADE é uma característica imprescindível para a santidade, se não será ceticismo religioso e farisaísmo.
Nunca estaremos prontos, mas a cada dia subimos um degrau e devemos andar como já alcançamos. A vida cristã deve ser progressiva. Não adianta querer fazer o que não podemos, dar um salto maior que a perna.

2- Esquecer o passado: v.13
O passado é uma sombra que assombra muitas pessoas. Mas em Cristo, somos nova Criatura (II Coríntios 5.17) as coisas velhas já passaram. Olhar para trás significa perder tempo, perder o foco e a direção, é queda na certa. Não olhe para trás como fez a mulher de Ló. Como na direção de um veículo, se olhar pra uma direção seremos conduzidos pra ela.

3- Olhar para frente: v.14
Jesus mandou os discípulos olhar os lírios do campo (Mateus 6.28) e os campos que branquejam (João 4.35). Olhar para frente significa ‘sonhar’, ver possibilidades e idealizar o melhor. Como marcar num calendário a cada dia que conseguimos ficar sem uma prática pecaminosa olhando pra frente com o tempo que Deus nos dará para nos santificarmos.

Santificai-vos hoje porque amanhã
o Senhor fará maravilhas no meio de vós! Josué 3.5
-CONCLUSÃO: v.15
Este versículo fala que os nossos ‘sentimentos’ e o que ‘pensais’ será esclarecido por Cristo na Glória. Até lá só devemos perseverar sendo Humildes, deixando o passado para trás e olhando adiante.

-Ilustração:
Dizem que John Wesley, fundador da Igreja Metodista, teve um sonho que seria algo mais ou menos assim:
Ele sonhou que um anjo de Deus o levou à porta do inferno. Lá estava o tinhoso, o príncipe das trevas que o recebeu muito bem e lhe disse:
- Pois não? O que o senhor deseja?
E John Wesley disse ao diabo:
- Olha, eu gostaria de saber que tipo de pessoas vêm para o inferno?
E o diabo respondeu:
- Como assim, que tipo de pessoa?
E John Wesley perguntou:
- Eu gostaria de saber se têm católicos aí, no inferno?
Então, o diabo disse:
- Oh, mas tem muitos católicos, apostólicos, romanos aqui no inferno!
John Wesley, ao ouvir a resposta, bateu na palma da mão e disse:
- Eu sabia! Eu sabia que os católicos iriam vir para o inferno!
Ele perguntou:
- Qual o outro tipo de gente, que outra religião tem aí?
Respondeu o diabo:
- Ah, aqui está cheio de crentes, tá cheio de crentes!!
Sentindo uma dor de cabeça, John Wesley perguntou:
- Crentes no inferno?!?
E o diabo disse:
- Sim, está cheio de crentes aqui dentro!
Preocupado, John Wesley perguntou:
- Tem budista aí dentro?
E o diabo disse:
- Está cheio.
- E espíritas? Tem espíritas?
- Tem muitos espíritas aqui dentro!
John Wesley foi perguntando de todas as religiões orientais e satanás, sempre, respondia:
- Está cheio. O inferno está cheio dessas religiões!
John Wesley já estava a ponto de desmaiar quando veio o anjo de Deus, passou por ele, tomou-lhe em seus braços, retirou-o da porta do inferno e foi voando com ele até a porta do céu. Ali, John foi recebido por outro anjo de Deus. Então, John Wesley perguntou ao anjo:
- Anjo, me responda! Eu preciso saber que tipo de pessoas vem para o céu?
E o anjo respondeu:
- Eu não entendi a sua pergunta.
E John Wesley foi mais objetivo:
- Aí, no céu tem católicos, apostólicos, romanos?
E o anjo lhe respondeu:
- Nunca entrou nenhum!
John Wesley sentiu o coração disparar, perguntou:
- Aí, no céu, tem batistas, presbiterianos, assembleianos, metodistas?
E o anjo respondeu:
- Nunca entrou nenhuma dessas igrejas aqui!
E John Wesley continuou perguntando:
- E aí dentro, tem espíritas?
- Não, nenhum!!
- Tem budista?
- Não, nunca entrou budista no céu!
E John Wesley foi perguntando de todas as religiões que ele conhecia e foi ficando aflito, desesperado, então, ele disse:
- Anjo, me responda, por favor! Que tipo de pessoa entra no céu?
E o anjo respondeu:
- Somente pecadores.
Foi aí que a cabeça de John ficou confusa:
- Pecadores? Pecadores entrando no céu?
E o anjo lhe respondeu com a maior candura, com a maior simplicidade:
- Sim, somente pecadores lavados e remidos no sangue de Jesus Cristo.
Confirmando esta palavra, o Apóstolo João viu uma multidão vestida de branco e o anjo lhe perguntou:
- João, quem são estes vestidos de branco e de onde vieram?
E João, o Apóstolo, disse ao anjo:
- Senhor, tu sabes!
E o anjo disse:

- Estes são os que lavaram e branquearam os seus vestidos no sangue do Cordeiro.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Hoje é Tempo de Ser Feliz!

A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a idéia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.

Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existência as mais diversas formas de sementes.

Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós, será plantação que poderá ser vista de longe...

Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!"

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.

Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos!

Infelicidade, talvez seja o contrário.

O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã!

Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra. Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.

Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores...

Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.

Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam...

Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...

Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena...

Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade...

Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.

Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo.

Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz.

Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida.

Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito...

A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..."

Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões.

Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma.

Isso prova que Ele ainda acredita em você. E se Ele ainda acredita, quem sou eu para duvidar... (?)
Padre Fábio de Melo

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Só Deus para nos ajudar!

Todos nós, algum dia, já nos deparamos com uma situação diante da qual nos sentimos absolutamente impotentes. Nada poderíamos fazer. Nenhuma palavra precisaria ser dita, nenhum gesto nosso faria qualquer diferença diante de algo que foge ao nosso controle.

Nessas horas só nos resta uma constatação, uma certeza: só Deus! Existe um tipo de dor que somente Deus ameniza. Ele é o único bálsamo capaz de invadir os segredos do nosso ser, igualmente capaz de trazer alívio para a mais profunda dor.

Deus conhece a nossa alma; sabe dos nossos limites. Há momentos tão difíceis que, se Deus não nos tomar pela mão, ficaremos prostrados; igualmente, se Ele não tocar nosso coração, ninguém conseguirá nos consolar.

Se a força d´Ele não nos erguer do caos, ficaremos cambaleando, tal qual bêbados com passos trôpegos pelos corredores da vida. Deus é a esperança que nos mantém vivos, e a Sua presença é a razão de seguirmos vivendo.

Depender de Deus não é sinal de fraqueza. O homem só é grande quando se reconhece carente de Deus. "O meu poder se aperfeiçoa na fraqueza", é o que nos diz as Sagradas Escrituras.

As experiências da vida não podem ser vivenciadas sem a ajuda de Deus. A dor da separação, a solidão de um amor findo, o medo do amanhã, a sensação do abandono, o fim de um sonho, a agonia das incertezas, e tantas outras experiências dolorosas. Para encará-las e vencê-las, só com Deus!
Padre Marcelo Rossi

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A Faculdade da Vida


Acredite na vida, mesmo que ela te traga dor, ainda que os homens tragam guerra e matem inocentes, e mesmo que ninguém o ame. Pois a dor, o medo, e a solidão também são sentimentos da natureza humana. Mas acredite na vida, porque no final os sentimentos ruins irão passar, e os bons momentos iram permanecer em sua memória.
Acredite nas pessoas, principalmente naquelas que fazem parte das nossas vidas, aquelas que acreditamos que são anjos, que nos preenche de momentos de amor, felicidade e paz. Mas, sobretudo, acredite em você mesmo, faça com que a cada manhã você se torne melhor, não só para você, mas para o mundo.
Acredite no amor, o presente de Deus, o sentimento supremo da vida. O amor nasce nas coisas simples, vive delas e às vezes morre por elas...
Tudo isso na busca incessante da felicidade, o sentimento que se encontra dentro de você mesmo, e que apenas você pode despertar.
Ser feliz é saber aproveitar todas as coisas que você tem hoje na vida. Apenas desperte e viva feliz.
Eduardo Soares Vilela